E como prometido, hoje irei entregar os nomes e sobrenomes dos pratos do “Clandestino”, criados pela Chef Bel Coelho, que acontece às quintas-feiras em São Paulo, no Restaurante Dui. Apenas 20 participantes tem acesso ao segundo andar da casa, onde as 20h30 iniciam os trabalhos. Uma equipe de mais de 10 pessoas, entre garçons, sommelier, ajudantes de cozinha e a própria Chef Bel, circulam com os pratos que são montados na hora e servidos ao som ambiente, escolhidos a dedo para a ocasião.
Para esta temporada, Bel Coelho trouxe a mesa um “menu” dedicado a 14 orixás. Começamos pelo Exu, que segundo a origem, se alimenta de tudo, mas deve ser o primeiro s ser servido. Bel criou um cupim com farinha de dendê, geleia de mel e cachaça e aroma de fumo. Na sequencia, Nanã, orixá mais velha, senhora dos lagos e pântanos que foi homenageada com um bombom de sarapatel com jabuticaba e broto de agrião. O terceiro orixá foi Ogum, que adora feijoada e por isso, Bel criou um acarajé de feijão preto com paio e costela de porco. Bom, a essa altura você deve imaginar que já estava para terminar, mas não se assuste, ainda nem começamos e as porções são bem pequenas, quase que em tom de aperitivos. Ossaim veio com o encantamento e trouxe a sabedoria das ervas medicinais, nos servindo uma salada de ervas e brotos com granizado de hortelã. E logo vem chegando Iemanjá, com um robalo grelhado com pérolas de leite de coco, servido sobre uma plataforma de espelho, pois essa orixá é muito vaidosa, lembra Bel. Oxalá é brindado com vieiras grelhadas com mil folhas de palmito pupunha, cogumelos paris e espuma de inhame. Iansã e Obá chegam com tempestade e ventos trazendo um caldo de vatapá com acarajé liquida farofa de camarão e vinagrete. Em oitava posição, Ibejis, orixá criança, ligada aos demais orixás e a toda humanidade, nos presenteia com camarão grelhado com molho de amendoim e castanha, quiabo grelhado e capsulas de dendê. A essa altura eu já estava encantada e satisfeita, mas os pratos continuavam chegando, uns mais lindos que outros. A cerâmica me chamou a atenção e descobri a procedência – Muriqui. Bel me confidenciou que muitas delas foram encomendadas para a ocasião e são verdadeiras obras de arte.
Oxossi, orixá caçador, foi homenageado com costela de javali, Xangô, orixá da justiça, com um timbale de rabada ao molho de cerveja preta e canjiquinha, Oxaguiã, que adora tudo branco, trouxe canjica com amburana e coco, Oxum, deusa do amor, que adora ovos, banana e ouro, nos presenteou com ovos moles, sorvete de gema, banana ouro e melaço de cana e caramelo. Ufá, terminamos? Não, o café, prensado na hora, veio acompanhado de Oxumare, deus do arco-íris, com um doce de babata doce e Omolú e Obaluaiê, com uma telha de piruá, que para quem não sabe, ou nunca ouviu falar, é o milho da pipoca que queimou sem estourar… Bom apetite!