Nascer ou viver no Brasil e não conhecer a região Amazônica é um dos grandes pecados da natureza… Estive por quase um século pecando, mas como nunca é tarde para se arrepender, embarquei no Iberostar Grand Amazon, para um cruzeiro de três dias pelo rio Solimões, uma forma agradável de conhecer esse paraíso, já que o pequeno navio é carregado de conforto.

Sou do estilo aventura, no entanto me embrenhar na mata não é algo que me atraia. Prefiro a urbanidade… Mas vamos combinar, temos aqui a maior riqueza da humanidade e é quase que uma obrigação desvendá-la.
Cheguei dois dias antes do embarque e aproveitei para passear pela cidade. Fui ao Teatro Amazonas, que possui um tour guiado e um museu histórico. Fiz compras de artesanato na Galeria Amazônica. Comi na Praça do Teatro um delicioso tacacá no tucupi, prato tradicional que amo e que faz a língua tremer. Porém, penso que deveria ter chegado na véspera. Dois dias quentes em Manaus não foi um dos melhores programas da vida, ainda mais devido ao embarque ser na parte da tarde, após as 15h.

Cheguei ao porto de Manaus de táxi e a primeira impressão não foi das melhores. Embarcações precárias de todos os tipos e tamanhos. Muita gente indo e vindo carregando malas e cuias. Carregadores se oferecendo de forma insistente, nada combinava com minha imaginação e fotos que tinha sobre o destino… Até que a equipe do cruzeiro aparece e me resgata com segurança. Ao embarcar percebi que minha fantasia não correspondia a realidade e que o porto é assim mesmo. Já no desembarque não tive a mesma sensação, pelo contrário, achei tudo bucólico e interessante.

No navio, devidamente instalada em minha ampla cabine com direito a varanda, fui para o convés, brindar com um espumante a nossa partida ao pôr do sol. No barco o sistema é all inclusive: comidas, drinks, bebidas e passeios. Este último, feitos diariamente pela manhã e tarde, em lanchas voadoras que descem com os tripulantes e seus coletes salva-vidas para as diversas aventuras durante os três dias.

As águas barrentas do Solimões são frias e cheias de vida, ao contrário de seu irmão, o Rio Negro. Aqui tem pesca e cultivo das áreas de várzea na época seca, e muita gente vive nessa região, em casas palafitas que descem e sobem conforme o curso das águas. Os chamados “caboclos”, que abrem suas casas à visitação, nos servem sucos da região e nos contam suas histórias de vida. Uma experiência que jamais esquecerei. Rezo diariamente por eles!

Durante o dia, além da visita aos ribeirinhos, pela facilidade de locomoção com as voadoras, as atividades e passeios são muitos. E cada lancha parte rumo ao destino escolhido na véspera, tais como pesca de piranhas, focagem de jacarés, visita ao lago de vitórias regia e passeios pelos igarapés. Ao final do dia tem palestras e shows, e, como de praxe, no último dia tem o jantar de gala do comandante que exige toda uma produção nos trajes dos passageiros. Por fim, o mais esperado de todos os encontros, se dá no último dia, rumo ao Porto de Manaus, quando ao nascer do sol, as 6:00 a.m. subimos ao convés para ver o Solimões se fundindo ao Negro. Impossível não se emocionar e, principalmente, agradecer por ali estar!