De todos os lugares do Brasil, a região amazônica é, pelo menos para mim, soberana. Desde criança, quando me foi apresentada nas aulas de Estudos Sociais (matéria essa que reunia história, geografia e OSPB para alunos do primário – Estou me sentindo antiga com essas terminologias), que imaginava uma densa floresta, com árvores gigantes e nesta, todos os tipos de animais, além de inúmeras tribos indígenas. Em minhas ilusões infantis, era um misto de curiosidade e medo. Com o passar do tempo, minha ideia ainda era a mesma dos meus sonhos infantis, até que decidi ir à Manaus e de lá seguir num pequeno e exclusivo navio – Iberostar Grand Amazon – para um cruzeiro de três dias pelo rio Solimões.
Como o embarque desta aventura é o Porto de Manaus, decidi chegar com antecedência de um dia, acrescido de mais dois pós-cruzeiro, a fim de poder aproveitar a capital e também poder conhecer o outro afluente do Amazonas, o Rio Negro.
Hospedei-me num pequenino hotel chamado Casa Teatro. Localizado no centro histórico de Manaus e ao lado do Teatro Amazonas, esse hotel Boutique preserva as tradições e arquitetura locais, com um toque de modernidade. Os quartos são pequenos e os banheiros coletivos, mas tudo feito e idealizado com muito bom gosto. O fato de não haver banheiros nas acomodações foi, num primeiro momento, um tanto estranho, mas também voltei às memórias infantis, onde em minha cidade natal – Petrópolis – morava com meus pais, avós e seis irmãos, em uma imensa casa de 10 quartos e apenas 2 banheiros…
Mas tirando esse detalhe, o hotel, além de novinho em folha, é uma graça. O espírito inovador da decoração recicla e mistura tendências em móveis de época restaurados a obras de arte. O lounge, que fica na cobertura do Hotel, possui uma impressionante vista panorâmica e privilegiada do Teatro. Mas a grande diferença é a localização, que permite visitar o melhor de Manaus a pé!
Acomodei minhas malas e saí em busca do tacacá, um caldo feito de maniçoba (tipo de mandioca), com folhas de jambu (que faz a língua tremer) e um punhado de camarões secos. Adoro! Esse prato típico do Pará é encontrado na praça em frente ao teatro. Leva também um pouco de goma, mas eu dispenso, pois além de não ter gosto de nada, não gosto de gomas.
O melhor de Manaus está nesse entorno. Desde o belíssimo Palácio da Justiça nos fundos do Teatro, ao solar onde morou Eduardo Ribeiro (governador que concluiu o Teatro Amazonas, além de diversas obras que tornaram Manaus a Paris dos trópicos). Como toda mulher, fui às compras na Galeria Amazônica, a fim de trazer peças de artesanato indígena. Adoro quando compro, mas sempre que chego a minha casa não sei onde colocar.
No dia seguinte, após o almoço com Tucunaré (peixe da região), fomos ao porto. Nosso táxi possuiu acesso até a rampa. Milhares de pessoas caminham de lado a lado. É interessante ver as embarcações carregadas de gente partindo e chegando das localidades que margeiam o Amazonas. Carregadores se oferecem para carregar as malas, são tantos que fiquei atordoada. Logo fomos recepcionados por alguém uniformizado, identificado como tripulante do Grand Amazon, que com sua própria equipe de carregadores, nos conduz até o barco.
O embarque vai até às 16h30min. Nossa cabine, com direito a varanda e um amplo banheiro, era de frente, ao lado da do comandante. Ampla, confortável, bem decorada, pronta para nos surpreender. Uma garrafa de champanhe em um balde com gelo, duas flutes, um prato de frutas e um cartão simpático do comandante estavam sobre a mesa. E ao fim do dia, junto ao pôr do sol, nosso barco zarpa. Uma emoção estar ali, após anos de espera por esse momento.
Construído especialmente para este percurso, e em operação desde 2005, o Iberostar Grand Amazon é um intermediário entre as embarcações regionais amazônicas e os grandes navios de cruzeiro que operam no litoral. Com 75 cabines, transporta no máximo 150 passageiros, os quais ao final deste pequeno Cruzeiro, já estão pra lá de amigos.
As refeições são realizadas em um amplo restaurante em sistema de Buffet, mas sem os pratos regionais, o que foi uma pena. Para compensar, sucos de frutas amazônicas no café da manhã, um peixe local a cada refeição e sorvetes exóticos de sobremesa. Na última noite, o célebre jantar do comandante. O sistema é all-inclusive, com direito a espumantes, caipirinhas e drinks diversos.
E se você pensa que tudo acontece a bordo, se enganou. Pelo menos duas vezes ao dia, somos convidados para passeios. Lanchas voadeiras são colocadas na água e nos conduzem para atividades diversas. Entre os programas estão os passeios pelos Igarapés, pescaria de piranhas, focagem noturna de jacarés, visita a uma família de ribeirinhos, visita a um lago de vitórias-régias… À noite sempre tem show e o mais bacana é o da última noite, com um grupo de bailarinos vindos de Manaus. E por fim, o mais esperado: na madrugada do último dia, já voltando ao porto de Manaus, somos abençoados com a linda visão do encontro das águas barrentas do Solimões com as águas escuras do Rio Negro.
Uma viagem inesquecível, que me tirou um pouco a ideia inicial de uma Amazônia fechada. Poder navegar pelo Amazonas foi emocionante. Vivi momentos únicos e quero voltar em breve, desta vez, pelas águas do Rio Negro.
Este estabelecimento integra o Circuito Elegante, e seus clientes associados possuem benefícios exclusivos, além de pontos no Programa Privilégio.
Para maiores informações acesse – www.circuitoelegante.com.br/hoteis/iberostargrandamazon
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