As redes sociais criaram um novo turista, aquele que adora viajar e que faz de um Instagram, de um Blog, de um Twitter, de um canal no YouTube e agora o tal de SnapChat – que é uma chatice só – sua profissão.
Por um lado é bastante interessante ver esses grupos indo para lá e para cá, fazendo inúmeras fotos, e achando tudo lindo e perfeito, afinal, não se pode reclamar de quem está pagando a conta, não é mesmo? Tem mochileiro, casal, voos solos, exigentes, egotrips, sem noção…
Há de tudo um pouco… O importante é viajar, não importa para onde. Todos de malas, Iphones, Gopros, lentes e muita animação para tornar a viagem perfeita no mais interessante reality show do momento. E tem também, gente que fala mal do outro, que briga por uma assessoria, que maquia seus números de acesso, que faz de tudo para ser o mais popular e top das redes, quando o assunto é viajar.
Estou há quase duas décadas nessa seara e nunca vi nada igual. Recebo por dia milhares de e-mails pedindo viagens em troca de posts. E, diante deste fato, resolvi levantar os acessos versus o retorno desses posts, e o resultado foi desolador. Ainda bem que com o tempo as coisas se acomodam, e em breve, ao contrario dos milhões que se descobrem blogueiros de viagens, teremos apenas os realmente profissionais, que já faziam isso antes e que aproveitam dos recursos tecnológicos em seu benefício, mas que não são partes deles.
Seguindo o tom do desconforto, tenho outro desabafo, este mais antigo, data da colonização, quando o Brasil tinha somente as belezas e recursos naturais, mas dependia de tudo o que vinha de fora. Não poderia ser diferente dizer que “tudo o que vem de fora é melhor do que aqui”. E isso se arrasta pelo menos há 1500 anos… Pelo visto, ainda não caiu a ficha de que os bens, sejam estes de consumo ou serviço, melhoraram nesses anos, e hoje somos referência em muitos deles.
O fato é que os nossos recursos naturais ainda estão ai, apesar do homem já ter destruído grande parte, ainda temos verdadeiras pérolas desconhecidas, e, mesmo assim, ainda há quem anseie por viagens internacionais.
Você conhece Algodões, Jericoacoara, Ibitipoca? Já esteve em Brumadinho, Serra do Cipó, Lavras Novas? Canyons de Itaimbezinho, Governador Celso Ramos, Barra de São Miguel, Saco do Mamanguá, Alta Floresta? Se sua resposta a essas perguntas tendem ao nulo, esta na hora de arrumar suas malas e deixar o Brasil, pois você não conhece seu país…
Como fundadora do Circuito Elegante, estou na estrada brasileira desde sempre. Sou uma árdua amante do nosso Brasil. Viajo a convite? Sim. Sou convidada e, na maioria das vezes, recebo para ir. Mas também tenho uma ética e uma elegância que me faz discernir onde, quando, para que e com quem vou. Tenho um propósito que vai além de usufruir e compartilhar o que estou vivenciando. Emito um relatório preciso do que vejo, do que sinto, do que provo. Minha passagem deixa um rastro de ideias e de propósitos comuns. E se as minhas impressões são boas, recomendo o lugar para que outros possam lá chegar.
Assim nasceu o Circuito Elegante. Um circuito com nome e sobrenome. Que não se baseia no luxo, e sim nas relações elegantes de um com o outro. Que promove o destino, mas também privilegia o viajante, com muitos mimos e atenção personalizada, tornando cada experiência única e inesquecível, assim com deve ser a arte de receber.